A última semana trouxe notícias preocupantes para o cenário econômico brasileiro e também mundial: o aumento da taxa de juros dos EUA. Foi uma alta de 0,75%, elevando o patamar entre 1,5% e 1,75%.
Além de chamar atenção o fato de esta ser a maior alta na taxa de juros desde 1994, havia o temor de um aumento ainda maior na próxima reunião do FED (banco central dos EUA), que será nos dias 26 e 27 de julho. Contudo, o presidente do FED, Jerome Powell afirmou que o aumento deverá ficar entre 0,50% e 0,75%, ao invés do especulado 1%.
O que muitos se questionam aqui é de que forma a alta na taxa de juros dos EUA afetará a economia brasileira. A seguir, vamos tentar explicar um pouco sobre o porquê isso está acontecendo e o quanto o Brasil pode ser impactado.
Os motivos que levaram o FED a aumentar a taxa de juros nos EUA
Antes de mais nada, é interessante observar o que está ocorrendo na economia dos EUA. Lá a inflação segue crescente, chegando em maio aos 8,6%, maior patamar em quatro décadas, segundo dados do departamento de trabalho do país.
Primeiramente, um dos motivos tem a ver com problemas decorrentes da pandemia. Isso porque com novos surtos de Covid na China, há incertezas referentes quanto ao impacto econômico. Além disso, temos o aumento de alimentos, fruto de desarranjos de abastecimento, por conta do lockdown.
Soma-se a esses problemas, a questão da guerra na Ucrânia, que assim como no Brasil, pressiona o preço dos combustíveis e também dos alimentos. Dessa forma, o aumento da taxa de juros nos EUA visa tentar segurar a inflação e, segundo o próprio presidente do FED, buscar trazê-la de volta ao patamar de 2% ao ano no longo prazo.
Por que isso preocupa o Brasil e o mundo?
Segundo projeções do FED, espera-se uma inflação de 5,2% este ano, em vez dos 4,3% que previstos em março. Antecipou-se também um crescimento mais fraco, de 1,7% (há três meses previa 2,8%). Por fim, em relação à taxa de desemprego, as novas previsões apontam para 3,7%, acima dos 3,5% anunciados anteriormente.
Ou seja, com cenários bem piores que os previstos, há um temor de que a economia dos EUA entre em recessão. Pois não apenas eles, mas na Europa também temos previsão de alta de juros. Sendo assim, há um cenário de desaceleração da economia mundial, puxada pelos estadunidenses.
Como o cenário de alta da taxa de juros dos EUA afeta diretamente o Brasil?
Primeiramente, vale relembrar o que trouxemos anteriormente sobre a SELIC (que pode ser visto em detalhes AQUI). Mas em um cenário de investimentos vindo de fora temos: quando temos juros muito altos em países em desenvolvimento, temos a entrada de capital estrangeiro, que investe apostando nos altos rendimentos decorrentes dessa taxa maior.
Só que, assim como quando ocorre esse movimento com países em desenvolvimento, o mesmo acontece com economias desenvolvidas, como é o caso dos EUA. Ou seja, os investidores que inicialmente viriam aqui, passam a buscar investimentos nas bolsas estadunidenses.
Pode até causar estranheza, já que os juros de lá são muito menores que os daqui. Entretanto, pelo fato de lá ser uma economia muito mais estável e confiável, torna-se uma aposta mais “segura”, do que um emergente. Porém isso não é tudo, pois o próprio cenário de incertezas políticas e a caótica gestão da Petrobrás, contribuem para afastar investidores estrangeiros.
Com isso, nem a mais nova alta da taxa SELIC (atingindo 13,25% ao ano e com previsão de mais aumentos) servem como atrativo para chegar mais dinheiro do exterior.
Quais as perspectivas futuras para o Brasil neste cenário?
Apesar de parecer que temos apenas um cenário muito negativo para o Brasil, a realidade pode não ser bem assim. Primeiramente há a questão de que, com a desaceleração da economia dos EUA e do mundo, haverá uma menor demanda por bens e serviços. Sendo assim, há a perspectiva de uma menor exportação de commodities brasileiras.
Por um lado, isso deverá afetar diretamente as ações de empresas do ramo (como petroleiras por exemplo). Contudo, isso poderá ter o efeito de conter a inflação do Brasil. Isso porque se houver menos exportação, haverá maior oferta para o mercado interno, o que poderá reduzir os preços de produtos básicos.
Só que ainda sim, isso não é uma garantia de redução de inflação, pois com o cenário nebuloso do dólar (que falaremos melhor a seguir), poderemos ter uma alta de produtos importados. Ou seja, tudo aquilo que precisar de matéria-prima vinda de fora ou simplesmente produtos estrangeiros podem ter nova alta. Com isso, podemos ter nova escalada inflacionária.
Por fim, o cenário do dólar ainda é incerto, mesmo entre os economistas. A razão fica por conta dos aumentos futuros das taxas de juros dos EUA. Caso haja uma tendência de novos aumentos, poderemos ver uma saída ainda maior de investimentos de mercados emergentes (como o nosso), rumo às bolsas estadunidenses.
Com a menor oferta de dólar, o valor da moeda tenderia a subir, fechando o ano acima dos R$ 5. No entanto, como o presidente do FED confirmou um aumento abaixo de 1% para julho, especula-se que a saída de investimentos de países como o Brasil possa ser menor, o que limitaria essa alta da moeda dos EUA.
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