Agosto como todos sabem, é o mês dos pais e aproveitando a data, falaremos um pouco mais sobre a sucessão patrimonial empresarial. Neste caso, falamos quando essa é uma transição familiar, quando os filhos herdam a empresa/companhia e como ela funciona.
Empresas familiares são dominantes no mercado
Para começarmos, é interessante observar o predomínio das empresas familiares dentro do mercado. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Sebrae, 90% das empresas no Brasil têm perfil familiar. Além disso, até pelo perfil empreendedor brasileiro, boa parte delas são de micro e pequenos negócios.
Ou seja, boa parte dos negócios no Brasil começam a partir de uma sociedade entre marido e mulher, irmãos ou mesmo aquele modelo mais clássico do pai (ou mãe) que inicia sozinho e acaba ficando rico e depois trazendo os filhos para dentro da empresa.
A complicada sucessão das empresas familiares
Só que ao mesmo tempo que temos no mercado um amplo domínio de empresas familiares, boa parte delas costuma acabar já na geração seguinte. Segundo publicação do Terra de 2019, cerca de 75% das empresas vão a falência após os herdeiros do fundador a assumirem.
As explicações para isso são as mais variadas: filhos que não tiveram vivência na empresa ou mesmo não tem competência para assumir cargos de gerência, brigas entre os mesmo sobre quem controlará os negócios, entre outros.
Um dos motivos disso ocorrer é que, segundo pesquisa da PwC de 2018, 44% das empresas desse tipo não têm um plano de sucessão definido e 72,4% não apresentam uma sucessão para cargos-chave do negócio como por exemplo os ligados à diretoria, presidência, gerência e gestão.
Isso passa pelo desejo do fundador da empresa, que o negócio siga na família por gerações, especialmente quando ele se estabelece no mercado. Contudo, muitas vezes seus filhos não têm esse mesmo desejo, deixando-a sem um rumo adequado para o futuro.
Só que mesmo com tudo isso, sabia que nem sempre os herdeiros que assumem automaticamente a empresa? Vamos falar a seguir sobre como funciona os processos de sucessão.
Quando que os herdeiros assumem as empresas da família?
Primeiramente é preciso entender que este não é um processo automático e que dependerá muito de como é a organização da empresa. No entanto, também é preciso ponderar que eles terão sim direitos no negócio, mas que estes podem variar caso a caso.
Para começar, vamos falar dos casos em que os herdeiros assumem cargos de chefia ou mesmo a gestão da empresa. Normalmente este envolve um contrato social, que irá viabilizar a entrada deles na sociedade. Além disso, também é comum que mesmo durante em vida, o fundador e seus sócios (caso tenham), incluam herdeiros no quadro societário.
Isso costuma ser feito com negociações entre eles e aqui o cenário é mais simples, pois o herdeiro fica com a cota do falecido. Caso tenhamos mais de um, estas são divididas igualmente entre todos. só que este cenário cria um impasse, pois passa-se a precisar estabelecer quem será o novo administrador da empresa.
Segundo a lei, a decisão recairá sobre a pessoa ou grupo que detiver mais da metade do capital social da empresa. Ou seja, o grupo que tiver pelo menos 50,1 dele definirá quem será esse administrador. Caso ninguém tenha sozinho, a decisão é feita através de uma votação, o que pode gerar um impasse, especialmente se tivermos vários filhos herdeiros no quadro societário.
Uma opção para evitar isso (que pode gerar um embate entre os herdeiros), é no próprio contrato social ter determinada como será a sucessão em caso de morte do fundador.
Quando os herdeiros não assumem as empresas da família?
Saibam que também existem casos em que os herdeiros do fundador não assumem o negócio após seu falecimento. O principal caso, são as sociedades limitadas, em que as cotas deles são liquidadas. Sendo assim, levanta-se o valor exato da participação dele e a concede, dividida de forma igualitária, entre todos os beneficiários.
Com isso, a participação deles no negócio é extinta, com nenhum deles integrando o quadro societário da empresa. Nesta situação, os sócios restantes podem nomear outra/s pessoa/s ou mesmo dividir entre eles estas cotas.
O problema do profissionalismo dentro das empresas familiares
Por fim, precisamos comentar também sobre o durante, que é o período que o fundador está no controle das ações da empresa. Isso porque muitos dos problemas de sucessão passam por este período, por conta de muitas vezes haver um ambiente que já está contaminado por muitas disputas internas entre os futuros herdeiros e que muitas vezes atrapalha o próprio andamento do negócio.
Por exemplo: especialmente nas micro e pequenas empresas, é bastante comum que familiares do fundador passem a trabalhar lá, especialmente mulher/marido e filhos. E geralmente esses parentes ficam em cargos de confiança como gestão, diretoria, entre outros. Contudo, muitas vezes eles não têm a competência para estar lá, mas estão justamente por nepotismo.
O grande problema aqui, é que para além de prejudicar o negócio, que não evolui como deveria por não ter gente realmente qualificada nos cargos chave, também pode atrapalhar o futuro. Por exemplo: uma gestão não profissional impede que o fundador venda a empresa, caso não queira mais seguir com ela.
Além disso, situações como ajustes à modernização, administração das transições, levantamento de capital, problema de controle relacionado à sócios, rigidez de posicionamentos, dificuldade em romper padrões e adotar novos paradigmas, além de questões emocionais, tornam-se problemas com proporções muito maiores em negócios familiares.
Como trazer esse profissionalismo para dentro dessas empresas?
O mais indicado aqui é ter um consultor ou mesmo uma equipe, que possa fazer uma avaliação isenta da situação e ajudar a profissionalizar a gestão do negócio. Entretanto, muitas empresas familiares são avessas a isso porque tira o controle de suas mãos, além de em muitos casos significar a saída de parentes que não tem competência para estar em cargos chave.
Isso pode ser um problema especialmente se falamos de uma pessoa com relação direta com algum dos herdeiros, como o marido ou esposa. Só que para a empresa crescer, faz-se necessária essa gestão, até pelo fato de em alguns casos o fundador ser avesso a certas modernizações.
Finalmente, essa participação pode facilitar inclusive o processo de sucessão. Isso porque com uma consultoria externa, ficarão apenas aqueles realmente qualificados para seguir à frente do negócio, familiar ou não. Com isso, o próprio fundador pode decidir ainda em vida o que fazer, até mesmo vender a empresa e dar aos herdeiros o valor correspondente a suas participações. Para questões de Sucessão como suprir a falta de um sócio de sua empresa, ou a perda de um funcionário de alto valor agregado, consulte as soluções que a In disponibiliza para sua empresa.
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