Ao longo de 2022, trouxemos diversas atualizações do cenário econômico brasileiro. Destacamos efeitos da Guerra da Ucrânia (com o problema das commodities), falamos sobre como a alta de juros nos EUA iria afetar nossa economia e também sobre como a eleição de Lula traria mudanças no cenário econômico do país. Agora, com a chegada do novo ano, falaremos um pouco sobre as perspectivas da economia do Brasil em 2023, bem como os prováveis desafios que teremos.
As dúvidas sobre a nova equipe de transição e os primeiros planos para a economia do Brasil em 2023
A cada quatro anos, a não ser que haja uma reeleição ou o mesmo partido siga no poder (como foi o PT na mudança Lula-Dilma), passamos por um momento de expectativa na economia. Especialmente falando de agora, teremos uma mudança bastante considerável na postura e nas políticas econômicas.
Isso porque o governo eleito já afirmou que irá rever diversas políticas adotadas pelo atual ministério da economia, além de buscar trazer algumas de quando estiveram anteriormente no governo. Contudo, antes de podermos ter um vislumbre dos primeiros passos que dará a nova equipe econômica, precisamos aguardar o desfecho da PEC da transição.
Atualmente, ainda temos muitas especulações, especialmente pela equipe não estar completa. Sendo assim, destacaremos alguns dos planos e projetos já anunciados pelo novo governo.
Primeiros planos revelados por Haddad na Fazenda
Em suas primeiras declarações como novo ministro da fazenda (e até antes de ser nomeado), ele reforçava a questão da PEC da transição, pois um dos principais planos do novo governo será formular um novo arcabouço fiscal que substituirá o teto de gastos.
Inicialmente criado como forma de controle fiscal, em nenhum dos seus anos de vigência ele foi respeitado e as limitações para investimentos em áreas sociais faz com que o novo governo defenda essa mudança.
Outra das principais metas é a tão esperada reforma tributária. Entre alguns dos planos para ela estão a taxação dos “super-ricos” e tirar a cobrança daqueles que ganham até 5 salários-mínimos (cerca de R$ 6 mil). Além desta, também implementar o Imposto de Valor Agregado (IVA), em substituição uma série de outros impostos indiretos.
Desmembramento ministério da economia e Mercadante no BNDES
Ao invés do atual “superministério da economia”, o novo governo o desmembrará em três: o da Fazenda (com Fernando Haddad já nomeado) do Planejamento e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), mas duas últimas ainda sem ministro definido até agora.
Esse desmembramento, segundo o futuro presidente Lula visa priorizar políticas para a reindustrialização do país e também para elaboração e controle do Orçamento Público. Isso porque o ministério do planejamento durante sua existência de 1962 até 2019 era técnico e tinha como função “encaixar” nos gastos do governo políticas públicas definidas pelo Ministério da Fazenda e também outros ministérios.
Enquanto isso, o “Mdic” (1960-2019) trabalhava no sentido de promover a indústria brasileira. Inclusive a nomeação de Mercadante para o BNDES veio justamente com o discurso de ter alguém à frente do banco para facilitar o projeto de reindustrialização do país, assim como facilitar o financiamento para pequenos, médios e grandes negócios.
Previsões SELIC, PIB e inflação para 2023
Segundo o Boletim Focus, a projeção para a taxa SELIC ao final de 2023 subiu de 11,75% para 12,00%. Isso deve-se aos temores com a expansão fiscal planejada pelo governo eleito. Atualmente espera-se que o primeiro corte venha em junho do próximo ano.
Este mesmo boletim elevou um pouco mais as perspectivas de crescimento do PIB para 2023. A estimativa para a expansão do PIB em 2023 passou de 0,75% para 0,79%, ante 0,70% um mês antes.
Por fim, no mesmo Boletim Focus tivemos a previsão para o próximo ano do IPCA (índice de preços ao consumidor), o índice de inflação oficial, passando de 5,08% para 5,17%. Importante destacar que todos esses resultados vêm no momento em que se discute o aumento de gastos por conta da PEC da transição e as incertezas fiscais que o mercado vê nesse movimento para a economia do Brasil em 2023.
Incertezas mundiais decorrentes da Guerra da Ucrânia
Tema amplamente debatido, a Guerra na Ucrânia já chegou a 10 meses e sem perspectivas de um desfecho. Por conta disso, há um grande temor que tenhamos uma recessão mundial, pois em diversos países há o aumento de juros por conta de problemas referentes a commodities produzidas pelos dois países em guerra.
Temos problemas relacionados a falta de petróleo, ao desabastecimento de gás natural na União Europeia, além de alta nos preços de alimentos, já que a Rússia é grande produtora de fertilizantes. O Brasil sentiu diversos desses efeitos, como alta de combustível (motivada pela PPI), além da disparada no valor de diversos alimentos.
As dúvidas sobre o futuro da guerra deixam este como um cenário nebuloso e incerto. Atualmente o que se imagina é que os primeiros meses de 2023 devam trazer pouca ou nenhuma mudança no atual momento de crise mundial por conta dos efeitos do conflito.
Considerações finais
Há grande expectativa para a resolução da PEC da Transição, que deixa muitas análises para a economia do Brasil em 2023 ainda bem incerta, pois muitas coisas dependem de sua aprovação. Enquanto isso, temos previsões ainda acanhadas do mercado, com temores referentes ao aumento de gastos fora do teto, além de suas reações a formação da equipe econômica do futuro governo.
A tendência é que os primeiros meses de 2023 ainda tragam muita oscilação, por conta da mudança da política econômica, os efeitos dos gastos desenfreados da PEC das bondades aprovada durante o período eleitoral e por conta da guerra na Ucrânia. Vale citar que por conta dos juros ainda altos, esse será um período que deverá haver grande procura por títulos públicos.
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